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terça-feira, 26 de abril de 2011

Eu gostaria de ter escrito este texto:

OS CACHORROS OU AS CRIANÇAS?

A crítica mais contundente e recorrente que todo o defensor dos animais de rua ouve por aí resume-se em expressões do tipo: “com tanta criança abandonada ficam preocupando-se com cachorro”; “quanta creche ou instituição de caridade passando por dificuldades e essa gente perdendo tempo com esses bichos”. Também, de modo semelhante, aqueles que possuem um animal de companhia o e despendem algum recurso para o bem-estar e conforto destes ouvem com frequência: “Com tanta criança passando fome ou gente necessitada ficam gastando dinheiro com bicho”.

Sem entrar ainda no mérito da questão, ou quem sabe até entrando, é preciso ressaltar que cada pessoa tem o livre arbítrio para dispor do seu tempo e dos seus recursos naquilo que melhor convém, seja para si ou para uma causa qualquer. O juízo de valor emitido sobre as coisas é inerente ao indivíduo que assim o determina, mas apenas para si, e não deve servir de sentença para o outro ou como regra para a sociedade. É um patrimônio pessoal tanto quanto a consciência, a memória, os pensamentos e os sentimentos. A imposição a outrem de valores individuais soa como intromissão, arrogância e prepotência. Além disso, grande parte daqueles que criticam negativamente o trabalho dos defensores de animais de rua são os que nada fazem, nem pelos bichos e nem pelas crianças.

A luta em defesa dos animais de rua abandonados ou de crianças em situação semelhante constitui-se em causas nobres e extremamente importantes. Compará-las no sentido de se buscar soluções que minimizem as condições deploráveis dos entes envolvidos é louvável e salutar, porém é equivocada a comparação com o objetivo de estabelecer hierarquia. Daí ocorre uma sobrepujança de valores que se caracterizam normalmente por serem egoisticamente tendenciosos e preconceituosos, decorrentes de uma postura antropocêntrica ou especista (preconceito quanto à espécie).

Do ponto de vista filosófico, estabelecer que uma espécie tenha maior ou menor importância que outra é uma questão relativa e novamente resulta em juízo de valor. Para o animal que está na rua padecendo de fome, sede, frio, calor, febre, dor e solidão, qualquer gesto de generosidade que implique minimizar, remediar ou solucionar sua condição de vida poderá (para ele, bicho) constituir-se num ápice de alegria e satisfação. Ou diria, um ápice de felicidade, pois os bichos também a almejam, assim como nós, animais humanos.

O animal que sofre o abandono tem a desvantagem pela diferença de sua aparência física, por não poder manifestar em linguagem seus anseios e daí inapto a pedir esmola nos semáforos ou nas esquinas, por carecer de proteção jurídica abrangente e eficiente, e por sua vida depender exclusivamente do convívio solidário com os humanos. Aliás, foram estes que os tiraram do mundo selvagem, domesticando-os e tornando-os dependentes da civilização urbana e desumana. Aos animais não podemos cobrar paternidade responsável ou vadiagem por estarem nas ruas! O planejamento familiar deles depende da boa vontade humana em implantar uma política séria de controle das zoonoses. Pena, bem que eles também poderiam ter um ECA: Estatuto do Cachorro Abandonado, ou do Cavalo Assoleado!

Enfim, crianças e animais abandonados são vítimas de uma sociedade injusta, hipócrita e cruel. Diria, estúpida por natureza, porém salva pela grandeza e presteza de gente feito bicho para bicho feito gente. Simbiose perfeita de um mundo imperfeito.
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Texto de Márcio Linck para o ANDA
Agência de Notícias de Direitos Animais



Márcio Linck

Márcio Linck é historiador, formado pela UNISINOS - Universidade do Vale do Rio dos Sinos, atua em defesa do patrimônio histórico e cultural de São Leopoldo, como ambientalista participa da UPAN - União Protetora do Ambiente Natural desde 1986, entidade responsável por inúmeras conquistas na preservação ambiental e na defesa da qualidade de vida na região do Vale dos Sinos. Atua em defesa da libertação animal e da conscientização e respeito a todas as formas de vida por meio de palestras, vídeos, artigos em jornais, sites e revistas e colabora com o GAE - POA Grupo pela Abolição do Especismo e é membro ativista da Pro-Animal. Autor do Livro Para Além do Ambientalismo - Uma História em Duas Décadas (2008), que reúne uma seleção dos artigos publicados no Jornal Vale do Sinos entre 1988 e 2008. Contém cinco capítulos: Meio Ambiente, Animais, História, Política e Filosofia.






3 comentários:

Anônimo disse...

Acredito firmemente, que temos o direito de optar a quem ajudar,Minha cahorrinha era abandonada, e se eu pudesse adotaria muito mais,fico triste por ver crianças de rua, mas não da para comparar a situação,é totalmente diferente.

Angel disse...

Quem compara um Animal a uma criança, suas necessidades e formas de estar, ou é idiota ou não perceb nada nem de us nem de outros!
Uma criança ama-se incondicionalmente a prepara-se para ser um Homem do amanhã.
Um Animal ama-se incondicionalmente porque sim!

um anjo

Penélope disse...

São dois fatos, duas situações completamente diferente como tantos já disseram.
Não dá para comparar crianças e animais, mas dá para tornar a vida de cada um deles mais suave e digna.
Abraços

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